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Paulo Ribeiro

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Paulo Ribeiro (Lisboa, 1959) é um bailarino e coreógrafo. Ele fundou a Companhia Paulo Ribeiro em 1995 e da qual é o director artístico actualmente. Foi ainda director do Teatro Viriato (1998-2016), em Viseu, do Ballet Gulbenkian (2003-2005), da Companhia Nacional de Bailado (2016-2018), e da Casa da Dança em Almada (2019-2020).

Início da Vida

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Paulo Ribeiro iniciou os seus estudos em dança na Escola do Ballet Contemporain De Bruxelles e na Escola Mudra de Maurice Béjart. Após formação descontinuada entre estas duas instituições, dançou em várias companhias na Bélgica e em França, entre eles, o Ballet da Ópera de Lyon em 1982.

Em 1984 cofunda a companhia Stridanse em Paris e produz as suas primeiras iniciativas coreográficas para as quais obtém reconhecimento em concursos locais.

Regressa a Portugal em 1988 e colabora com a recém criada Companhia de Dança de Lisboa, onde começa por ser bailarino e é mais tarde convidado para criar Taquicardia (1989), que é apresentada no largo do Rossio em Lisboa. Logo depois lhe é encomendada a sua primeira peça para o Ballet Gulbenkian, onde estreia Ad Vitam. Um ano mais tarde cria o solo Modo de Utilização (1991), interpretado por si próprio, que viria a representar Portugal no Festival Europália 91, em Bruxelas.

A sua carreira de coreógrafo ganhou maior relevo internacional a partir de então, com a criação de obras para grandes companhias de repertório como o Nederlands Dans Theater II, Nederlands Dans Theater III, o Grand Théâtre de Genève, o Centre Chorégraphique de Nevers e o Ballet de Lorraine. Para o Ballet Gulbenkian criou ainda Percursos Oscilantes, Inquilinos, Quatro Árias de Ópera, Comédia Off -1, White e Organic Beat.

Em 1994, é convidado, no contexto da Capital Europeia da Cultura - Lisboa 94, juntamente com a coreógrafa Clara Andermatt, para "concretizar um projecto inspirado no encontro com Cabo Verde, a sua dança e a sua música."[1] Dançar Cabo Verde, resultado dessa comissão, tendo recebido o Prémio Acarte/Maria Madalena de Azeredo Perdigão.

Em 1995, funda a Companhia Paulo Ribeiro e cria Sábado 2, peça que convoca “memórias sobre a política de vigilância punitiva e as suas sanções normalizadoras exercidas sobre os corpos durante o regime fascista em Portugal.”[2] Segue-se O Rumor dos Deuses (1996) onde Ribeiro transita para um conflito oposto, desta vez “interior, do indivíduo consigo próprio”.[2]

A estética de Paulo Ribeiro configurar-se-ia de forma distinta com o contributo dos bailarinos Joana Novaes, Leonor Keil, Paula Moreno e Peter Michael Dietz que o acompanharam na prossecução do projeto da companhia, na pesquisa e desenvolvimento de uma assinatura coreográfica comum, salvaguardando a sua individualidade.[2] Seguem-se Azul Esmeralda, Memórias de Pedra – Tempo Caído, Orock, Ao Vivo, Comédia Off , Tristes Europeus – Jouissez Sans Entraves, Silicone Não, Memórias de um Sábado com rumores de azul, Malgré Nous, Nous Étions Là, Masculine, Feminine, Maiorca e Paisagens – onde o negro é cor, Jim, Sem um tu não pode haver um eu e recentemente e A Festa (da insignificância).[3]

Em mais de vinte anos de atividade, a companhia ocupa um importante lugar no panorama da dança contemporânea portuguesas, apresentando-se regularmente nas principais salas de espetáculo nacionais, bem como por toda a Europa, Brasil e Estados Unidos da América.[4] Entre 1998 e 2016, a companhia fez parte do Teatro Viriato, em Viseu, onde desenvolveu a sua actividade de criação e produção das obras de Paulo Ribeiro. Associado à companhia está ainda associado um projeto de formação junto da comunidade viseense que inclui cursos e aulas regulares de dança e de teatro na escola de dança Lugar Presente e produz também projetos específicos para o público escolar.[5]

Em paralelo ao seu projeto artístico, Paulo Ribeiro foi comissário do ciclo Dancem, em 1996 e 1997, no Teatro Nacional S. João. Desempenhou, entre 1998 e 2003, o cargo de Director-geral e de Programação do Teatro Viriato/CRAE (Centro Regional das Artes do Espectáculo das Beiras), e foi ainda Comissário para a Dança em Coimbra 2003 – Capital Europeia da Cultura. Entre 2003 e 2005 dirigiu o Ballet Gulbenkian num período conturbado que culminaria com a polémica extinção da companhia em 2005 por iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian no seu "quadro de reestruturação".[6] Em 2006, regressaria ao Teatro Viriato para retomar o cargo de Director-geral e de Programação. Em 2014, foi homenageado pela Câmara Municipal de Viseu com a Medalha Municipal de Mérito, pelo seu contributo de reconhecida importância para o concelho de Viseu. Manteve-se no cargo até 2016, data em que saiu para assumir a direcção artística da Companhia Nacional de Bailado, a convite do Ministério da Cultura. Em 2019, lançou o projecto Casa da Dança, em Almada.

Além do seu trabalho autoral, contam-se inúmeras colaborações com artistas e em projectos distintos. Em 2008, participou como coreógrafo na produção Evil Machines, de Terry Jones, para o Teatro Municipal de S. Luiz. Em 2010, coreografou o espectáculo Sombras, de Ricardo Pais. E em 2011 criou Desafinado, para o grupo Dançar com a Diferença (Madeira), e ainda um quarteto para o espectáculo colectivo Uma Coisa em Forma de Assim, com a Companhia Nacional de Bailado, para a qual criou seguidamente Du Don de Soi, um espectáculo de noite inteira, sobre o cineasta Andrei Tarkovsky e Lídia em 2014. Coreografou La Valse de Ravel para o filme de João Botelho.[3]

Em 2022, regressou à direcção artística da sua companhia e, em 2023, iniciou um novo capítulo em Cascais, onde a companhia está sediada actualmente, para dar continuidade ao trabalho de pesquisa, de criação, de produção, de difusão e de formação em dança contemporânea.

Paulo Ribeiro assina uma obra plural com mais de 40 criações que tem sido distinguida com diversos prémios nacionais e internacionais de relevo, como o Prémio Acarte/Maria Madalena de Azeredo Perdigão, atribuído em conjunto com Clara Andermatt; o Prix d’Auteur nos V Rencontres Chorégraphiques Internationales de Seine-Saint-Denis (França); o New Coreography Award pelo Bonnie Bird Fund-Laban Centre (Reino Unido); o Prémio Bordalo da Casa da Imprensa; e o Prémio para Melhor Coreografia pela Sociedade Portuguesa de Autores, entre muitos outros.

  • 2024 - Step Forward (programa triplo com Encantados de Servi-lo, Comédia Off e Summer's Almost Gone) - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2023 - Re-en-cantos de Mateus - Companhia Paulo Ribeiro e Fundação Casa de Mateus
  • 2023 - Sem um nós não pode haver voz - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2022 - Rumor de Deuses (remontagem) - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2021 - Segunda 2 - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2019 - Memórias de Pedra. Tempo Caído - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2017 - Walking With Kylián. Never Stop Searching - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2016 - Ceci N'est Pas Un Film - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2015 -  A Festa (da insignificância) - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2014 - Modo de Utilização - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2014 - Lídia, para a CNB (Companhia Nacional de Bailado)
  • 2013 - Sem um tu não pode haver um eu - Companhia Paulo Ribeiro
  • 2012 - Jim - Companhia Paulo Ribeiro
    • Coreografia para o filme "La Valse" de João Botelho, para a Companhia Nacional de Bailado
  • 2011 - Du Don de Soi, sobre o cineasta Andrei Tarkovwsky, para Companhia Nacional de Bailado
    • Quarteto para o espectáculo colectivo Uma Coisa em Forma de Assim, para a Companhia Nacional de Bailado
    • Desafinado, para o grupo Dançando com a Diferença (Madeira)
  • 2010 - Coreografia para o espectáculo Sombras, de Ricardo Pais
    • Paisagens – onde o negro é cor, para a CPR
  • 2009 - Maiorca, para a CPR
  • 2008 - coreografia para Evil Machines, de Terry Jones, para o Teatro Municipal de S. Luiz
    • Feminine, para a CPR
  • 2007 - Masculine, para a CPR
  • 2006 - Malgré Nous, Nous Étions Là - para a CPR
  • 2005 - Organic Spirit/Organic Beat/Organic Cage, para o Ballet Gulbenkian
    • Memórias de um Sábado com rumores de azul, para a CPR
  • 2004 - White, para o Ballet Gulbenkian
  • 2003 - Silicone Não, para a CPR
  • 2002 - Três Extravagâncias - para a Casa da Música do Porto, com o Remix Ensemble/Estúdio de Ópera do Porto
  • 2001 - Tristes Europeus – Jouissez Sans Entraves, para a CPR
  • 2000 - Comédia Off - 2, para a CPR
  • 1999 - Ao Vivo, para a CPR com Maria João e Mário Laginha
  • 1998 - Memórias de Pedra – Tempo Caído, para a CPR
    • New Age, para o Nederlands Dans Theater III
  • 1997 - Azul Esmeralda, para a CPR;
    • Orock, solo para Leonor Keil / CPR
  • 1996 - Rumor de Deuses, para a CPR
    • Comédia Off -1, para o Ballet Gulbenkian
    • Quatro Árias de Ópera, programa colectivo para o Ballet Gulbenkian
  • 1995 - Sábado 2 - para a CPR
    • Coreografia da ópera Street Scene, encenada por José Wallenstein para o Teatro de S. Carlos
  • 1994 - Dançar Cabo Verde, com Clara Andermatt, para Lisboa 94 – Capital Europeia de Cultura
    • Coreografia e solo em Fados, espectáculo de Ricardo Pais
  • 1993 - Waiting for Volupia, para o Nederlands Dans Theater II
    • Rambo Ribeiro, solo com o seu cão Maori
    • Inquilinos, para o Ballet Gulbenkian
  • 1992 - Uma História de Paixão, para o Grand Théâtre de Génève
    • Le Cygne Renversé, para o Centre Chorégraphique de Nevers (Bourgogne)
    • Uma Ilha Num Copo de Sumo, criado para a Expo´92, em Sevilha
    • Encantados de Servi-lo, para o Ballet Gulbenkian
  • 1991 - Encantados de Servi-lo, para o Nederlands Dans Theater
    • Modo de utilização
  • 1990 - Ad Vitam, para o Ballet Gulbenkian
    • Percursos Oscilantes, para o Ballet Gulbenkian
    • O Beijo da Técnica no Futuro, apresentado no Acarte
  • 1988 - Taquicárdia (Prémio Revelação do jornal Sete), para a CDL
  • 1986 - Facéties, para a companhia Stridanse
  • 1984 - Solo Meu Caro Amigo com a companhia Stridanse, apresentado na primeira Bienal Off de Lyon
    • Stride La Vampa, criação colectiva com a companhia Stridanse

Desde o início do seu percurso coreográfico, Paulo Ribeiro acumulou um variado número de distinções:

  • 1984 - Prémio de Humor no Concurso Volinine.
  • 1985 - 2.º prémio na qualidade de Dança Contemporânea no Concurso Volinine.
  • 1988 - Prémio Revelação do jornal Sete por Taquicardia.
  • 1994 - Prémio Acarte/Maria Madalena de Azeredo Perdigão por Dançar Cabo Verde - com Clara Andermatt.
  • 1996 - Prémios de “Circulação Nacional”, atribuído pelo Instituto Português do Bailado e da Dança, e “Circulação Internacional”, atribuído pelo Centro Cultural de Courtrai (Bélgica) no âmbito do concurso “Mudanças 96”, por Rumor de Deuses.
    • Prémios nos V Rencontres Choréographiques Internationales de Seine Saint-Denis: “Prix d’Auteur”; New Coreography Award, atribuído pelo Bonnie Bird Fund-Laban Centre (Grã-Bretanha) e o Prix d’Interpretation Collective, concedido pela ADAMI (França) - júri presidido por Mathilde Monnier.
  • 1999 - Prémio Almada, na categoria "Dança," do Instituto Português das Artes do Espectáculo, para o CRAE das Beiras/Teatro Viriato, partilhado com o Balleteatro e o Festival Danças na Cidade[7]
  • 2001 - Prémio Bordalo (2000), na categoria "Bailado", da Casa da Imprensa, “pela sua acção como director da Companhia que instalou no Teatro Viriato de Viseu, criando uma programação dinâmica e descentralizadora da actividade”[8]
  • 2009 - distinção Coreógrafo Contemporâneo, no 1.º Portugal Dance Awards, e a do Público, no Dance Week Festival da Croácia.
  • 2010 - Prémio de Melhor Coreografia para a peça Paisagens – onde o negro é cor pela Sociedade Portuguesa de Autores.

Referências

  1. «Clara Andermatt». prezi.com. Consultado em 20 de março de 2016 
  2. a b c Fazenda, Maria José (1997). Movimentos Presentes. Lisboa: Cotovia. pp. 59–64 
  3. a b «Paulo Ribeiro». Companhia Paulo Ribeiro. Consultado em 19 de março de 2016 
  4. «Companhia Paulo Ribeiro». Companhia Paulo Ribeiro. Consultado em 19 de março de 2016 
  5. «Paulo Ribeiro». Companhia Paulo Ribeiro. Consultado em 19 de março de 2016 
  6. «Fundação Gulbenkian extingue Ballet». Público. Consultado em 19 de março de 2016 
  7. «Anúncio dos vencedores dos Prémios Almada e Prémio Revelação Ribeiro da Fonte nos sectores de Teatro, Dança e Música 1999». Ministério da Cultura. 1999. Consultado em 23 de setembro de 2017. Arquivado do original em 11 de fevereiro de 2001 
  8. «Prémios Bordalo». Sindicato dos Jornalistas. 22 de janeiro de 2002. Consultado em 8 de novembro de 2017